SEJAM BEM VINDOS

    Já estava em tempo de publicarmos algo, não pelo fato de estar há cinco anos trabalhando nas pesquisas, viagens, entrevistas e compilações com parentes de todas as partes do Brasil mas sim porque o assunto se tornou tão popular e interessante entre os envolvidos que a cada lugar que visitava pareciam já me esperar, e a pergunta era sempre a mesma:

    - Quando o senhor vai.escrever o livro? Gostaria de saber mais sobre nossos antepassados!

    Pois bem. Sempre prometi  a quem visitei que um dia iria escrever um livro ou criar um site na internet para que todos pudessem saber um pouco mais dos que foram nossos ancestrais, de onde vieram , como vieram e como viviam.

    Antes de seguirmos adiante, gostaria de agradecer a todos os familiares que me ajudaram a desvendar um pouco dessa história. A todos que de bem me acolheram e abriram as portas  para que eu pudesse prosseguir com meu trabalho. Bem verdade é que ainda muito está por ser feito mas acreditamos que a lentos passos e com a colaboração dos milhares de WILLIG viventes desse mundo, o possamos concluir algum dia.

HEINRICH  WILLIG

  1835      

    Heinrich, filho de Jacobus Aloisius Willig (*1810) e Catharina Elisabetha Willig (*1815), nasceu na Baviera - antigo Estado da Alemanha em 1835. Nada ainda se sabe sobre sua vida por lá mas certamente as coisas não iam bem.      

  Certamente seduzido pelas maravilhas prometidas nas estampas dos cartazes afixados pelos agenciadores, à mando das companhias de imigração que se encarregavam de remeter trabalhadores às recém criadas Colônias da província de São Pedro do Rio Grande do Sul, tenha afinal procurado os serviços do Dr. Schmidt e inscrito seu nome sob custódia da empresa Montravel, Silveira & Cia para emigrar ao Rio Grande do Sul.

    A Sociedade Montravel, Silveira & Cia., fundada em 1855, assumia o compromisso de introduzir na Província 1440 colonos, mediante um adiantamento de quinze mil réis por colono, conforme tivesse este mais ou menos de doze anos de idade, além de um empréstimo de cinqüenta e sete contos de réis por imigrante.

    Nos primeiros dias de outubro de 1858, ofuscado pelo paraíso americano, Heinrich deixa Hamburgo a bordo do navio Anne Louise, com destino ao porto de Rio Grande. Começa então a aventura do nosso herói...

 Paródia

    "Durante os quase 40 dias da travessia, apesar da confusão e da sujeira, a solidariedade é um fato: os emigrantes catam-se mutuamente as muquiranas, a mão direita lava a esquerda, o roto ajuda o esfarrapado. Mantém-se o equilíbrio estatístico, pois morrem três, mas nascem outros tantos.

    24 de novembro - 1858, o sol já se punha molhado pelo oceano, a entrada da barra do porto de Rio Grande é aquela peleja de sempre. O despejo de toda a carga de água potável não impede o encalhe pela proa; removem-se de proa à popa as correntes e as ferragens mais pesadas, os passageiros fazem um passo de carga acelerada muitas vezes de um extremo a outro do convés. Até que o brigue afinal recomece a flutuar, desencalhado.

    A última noite a bordo do Anne Louise é calma e tranquila. A américa parece realmente  como prometida. O alvorecer, a vegetação,  pássaros, ar puro, tudo lembra o paraíso,  mas é preciso despertar e ajuntar os pertences pois ainda não chegamos.

   Amanheceu, o sol não espiava por cima da mata e nosso herói já estava com as malas ao pés. É preciso mudar de condução. Uma hora na fila para fazer o registro de translação e finalmente pode embarcar no vapor Continentista e seguir até Porto Alegre. Antes do meio dia já se encontrava desembarcado,  à frente do escrivão a informar-lhe o nome e os dados.

   A aventura continua pela "estrada real", a bordo do vapor Jacuhy.  A todo vapor,  o rio desliza espelhado e clamo, as margens se mostram pitorescas, o avanço é rápido, em três dias pretendem "estar em casa". Pouco antes do anoitecer os catraieiros amarram a embarcação à uma das árvores marginais que se esgalham à beira-rio a fim de pernoitar. Contos, prosas e canções entertem a tripulação feliz e anciosa por chegar. Mas, à meia-noite, desaba um violento e interminável aguaceiro, todos se protegem como podem, alguns pertences escapam aos cuidados e são perdidos sob o balanço da embarcação ao vento. No outro dia, as águas violentas e correntosas do Jacuí já começaram a subir, nossos heróis viajantes ficam retidos junto com os seus naquele abrigo improvisado, e só ao cabo de duas semanas  finalmente chegariam à sede da Colônia de Nova Petrópolis do Conde de Montravel".

 

REGISTROS HISTÓRICOS  -  FATOS ISOLADOS    

O Livro de chegadas

 

    - GROSZ, Carlos, 43, cas.; Eva, 29, cas.; Maria, 21; Margarida, 20; Martin, 18; Barbara, 15; Jorge, 14; Paulina, 12; Carlos, 9; Jacob, 8; Fellipe, 5; Dorothea, 3 meses [morreu na viagem]; Henrique WILLICH, 23, cas.; al.; chegada de Rio Grande neste Porto: 25-11-1858. emb.: Continentista (vapor); destino: Nova Petrópolis; São provenientes do navio Anna Luisa, remetidos pelo Dr.Schmidt para a companhia Montravel, Silveira & Cia.; Como poucos obtiveram o subsídio de passagem de 80$00 e aquela companhia não quis indenizar, foram transferidos para a colônia de Nova Petrópolis, para onde seguiram em 25 de novembro a bordo do vapor Jacuhy.. Reg.2343-2354, fl.62, nro 20-21.

Transcrição fiel do AHRS - Reg. 2337-2339,  fl. 62. nro 1-3  e  Reg. 2343-2354, fl. 62, nro 20-21. Onde se registra a chegada e o histórico da viagem:

 

E a esposa, seu nome não está na lista. O que acontecia com ela ?

 

    A situação civil de Heinrich aparece no livro de chegadas como casado, mas não era bem assim que se contava:  Notamos que o jovem viajava acompanhando a família de Carlos Grosz, seu futuro sogro e há de se pensar que ainda na Alemanha já namorava uma de suas filhas. Quem sabe para não perdê-la - haja visto que toda a família emigrava - não restou-lhe outra alternativa a não ser partir junto.

    Nascida a 24 de outubro de 1836 em Frankenthal na Alemanha, Catharina  provavelmente era a filha mais velha de Carlos Grosz. Poderia pensar ela ter tido dois nomes, Maria Catharina - por exemplo - e assim ter se registrado como Maria no livro de chegadas, a idade concordaria, mas...

 

Linha Olinda ou Picada 48?

                                        

    Heinrich, Carlos Grosz e sua família, assim que chegaram  teriam sido imediatamente encaminhados à suas terras na colônia de Nova Petrópolis, conforme dita o livro de chegadas, mas um edital de falecimento datado de 19 de junho de 1914, supostamente encomendado pelo marido enlutado, dá conta de que Catharina teria emigrado solteira em 1858 e se casado com ele no ano seguinte numa localidade denominada Picada 48 em Hamburgerberg, na casa de um tal  Sr. Knewitz. Onde teriam se estabelecido.

 

  Afinal o documento...

                                    

    Quanto às terras, aqui coloco um parêntese: Se já as cultivavam não sei,  não há registros disso ainda, mas poderia eu contrariar o livro de chegadas e sugerir ancorado aos fatos do edital de falecimento - que aponta  residência inicial em Hamburgerberg - que devido a dificuldade que apresentava a Sociedade Montravel, Silveira & Cia em cumprir a promessa da entrega das terras para os assentados de Nova Petrópolis, nosso ancestral não de imediato partiu à apossar-se do seu  mas resolveu acampar-se à redondeza até que tudo fosse devidamente liberado e contratado.

    Novembro - 1864 - finalmente uma grande notícia. O Governo outorga o deferimento, registrando a entrega dos documentos tão almejados à Henrique e seu sogro. 

    De igual teor, à Heinrich  foi oferecido o Prazo Colonial  nro 38, ala oriental da Linha Olinda, colônia de Nova Petrópolis. Uma área superficial de 74.250 braças quadradas.  - Palácio do Governo em Porto alegre - 26 de Novembro de 1864 - João Marcelino de Souza Gonzaga.

 

 

BRASÃO             OS MOTIVOS PARA EMIGRAR                AS COLÔNIAS APÓS 1945

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