OS MOTIVOS PARA EMIGRAR

    Por que vieram e de onde vieram?

    Para entendermos o processo imigratório de alemães para o Brasil é necessário analisar as condições sócio-econômicas reinantes na Alemanha e no Brasil.

NA ALEMANHA

    Não só a Alemanha mas toda a Europa respirava aliviada com o fim do flagelo napoleônico. Embora a guerra tivesse terminada em 1815 com a derrota de Napoleão na batalha de Waterloo, isto no entanto em nada mudou as péssimas condições que a Alemanha passava tanto nas cidades como no campo.

    No campo reinava o minifúndio. Sucessivas divisões hereditárias haviam tornado as propriedades em frações de terras muito reduzidas. Pela contínua exploração as terras tornaram-se pouco produtivas. Subsistia ainda a estrutura de trabalho baseada no regime feudal. Mas de nada revolvia o abandono do campo pelos camponeses pois estes não encontravam emprego nas cidades. A industria manufatureira havia criado novas profissões, para as quais os camponeses não tinham habilitação, pois eram na maioria ex-servos desqualificados.

    Nas cidades a situação não era diferente. A Revolução Industrial iniciada na Inglaterra no século XVIII, provocou profundas alterações na estrutura sócio-econômica. A industrialização trouxe efeitos negativos aos artesãos. Até o advento da máquina, alfaiates, tecelões, ferreiros, carpinteiros, e outros profissionais tinham seu trabalho valorizado. No momento em que uma única máquina passou a produzir o que várias dezenas de pessoas faziam, a competição levou-os à ruína. A máquina produzia mais e melhor. Passaram assim à condição de simples operários, obrigados a trabalhar muitas horas por dia por salário aviltante.

    A vacinação em massa da população determinada por Napoleão acelerou o crescimento populacional. Não havia empregos para ocupar tanta gente. O mercado de trabalho não se ampliava na mesma proporção do crescimento populacional.

    Para os agricultores e artesãos restava apenas uma saída: a emigração.

    A carreira militar durante séculos foi uma saída para empregar os filhos que não encontravam emprego no campo nem na cidade. O serviço militar no entanto era obrigatório. Sua duração era determinada em função da situação política reinante. Em períodos de guerra o serviço militar estendia-se até a assinatura da paz. Isto gerava descontentamento. Para fugir do serviço militar a una saída era a deserção para reinos ou ducados próximos. Os que cometiam tal transgressão eram expatriados. Para eles restava também uma única saída: a emigração.

NO BRASIL

    Para entender os motivos que levaram a tantos alemães a emigrar ao Brasil, a partir do ano de 1824, é necessário regredir um pouco na nossa história.

    No dia 7 de Setembro de 1822, o Príncipe D. Pedro, às margens do Riacho Ipiranga, em São Paulo, proclamava a Independência do Brasil.

    Em 1808 a Família Real Portuguesa havia fugido para o Brasil, a bordo de 14 navios ingleses, para escapar da invasão das tropas napoleônicas. Com a derrota de Napoleão na Batalha de Waterloo em 18.6.1815, nada mais impedia o regresso de D. João VI a Portugal, o que efetivamente ocorreu em 24 de Abril de 1821. Com o retorno da família real, entenderam as autoridades portuguesas que o Brasil deveria retornar à simples condição de colônia, fato que já deixara de ser desde que fora incorporado ao Reino Unido de Portugal e Algarves. Com isto nem as autoridades brasileiras nem o Príncipe Regente D. Pedro concordavam, o que determinou a proclamação da Independência.

    Esta proclamação, no entanto, encontrou muitas oposições no país, pois as autoridades das províncias eram portuguesas e mantinham-se fiéis à Coroa Portuguesa. As tropas portuguesas tiveram que ser daqui expulsas em 1823. Novo exército teve que ser formado, para garantir militarmente a independência, pois em Lisboa grandes aparatos de forças militares estavam sendo preparados para invadir o Brasil.

    Mas não havia soldados suficientemente preparados no país. Era necessário trazê-los do exterior. Além de soldados também necessitava o país de colonos que viessem se instalar no sul, onde a questão militar quanto à soberania sobre a Província Cisplatina havia gerado diversos conflitos com a Argentina. Por recomendação de D. Leopoldina, arquiduquesa da Áustria e filha do Imperador Francisco I com quem D. Pedro se casara em 1816, decidiu-se trazer não só soldados mas também colonos da Alemanha. Lá existiam milhares deles desempregados desde o fim das guerras napoleônicas.

    A difícil missão de angariar colonos e engajar soldados alemães para os Batalhões de Estrangeiros do Brasil, coube ao Major Johann Anton von Schaeffer que havia chegado ao Brasil em 1814 e conseguido granjear a amizade de D. Leopoldina, pelo interesse que ambos tinham nas ciências naturais.

    De posse de uma procuração que o nomeava de "Agente de afazeres políticos do Brasil", Schaeffer encontrou inicialmente grandes dificuldades em contratar soldados na Alemanha. A exportação de soldados era terminantemente proibida, desde o Congresso de Viena em 1815, pois as grandes nações européias (Prússia, Inglaterra, Áustria e Rússia), não permitiriam o surgimento de um outro "Napoleão" no mundo. E D. Pedro I, com a independência do Brasil foi considerado um usurpador do poder, um rebelde que traíra o seu país.

    Enquanto que em alguns estados alemães havia a proibição, em outros existia o direito dos cidadãos à emigração. Principalmente nos estados da atual Renânia, onde, pela proximidade com a França, a destruição tivera sido maior, e onde mais se fizeram sentir os efeitos do fim do feudalismo. Os camponeses, que agora podiam abandonar o campo, não encontravam trabalho nas cidades, também já repletas de artesãos desempregados pela explosão demográfica. A revolução industrial estava substituindo a mão-de-obra humana pelas máquinas que produziam mais e melhor.

    Os minifúndios criados pelo direito hereditário, aliado às terras exauridas por sua contínua exploração, foram fatores que determinaram a expulsão dos camponeses que, por não encontrarem ocupação nas cidades, tinham apenas uma saída: a emigração.

    Com a oferta do governo brasileiro de terras de 77 hectares, equivalente a 150 "morgos", além de ferramentas, gado, sementes, auxílio financeiro durante os dois primeiros anos e isenção de impostos nos primeiros 10 anos, a missão de Schaefer foi grandemente facilitada.

    Para não chamar a atenção das autoridades Schaeffer embarcava soldados disfarçados e imiscuídos entre as famílias de colonos. Vieram assim, no período de 1824 a 1830 aproximadamente 5.000 (cinco mil) colonos ao Rio Grande do Sul, em meio a outros tantos soldados que permaneciam no Rio de Janeiro, engajados nos Batalhões de Estrangeiros.

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Créditos à  Egídio Weissheimer

             Veja mais em:   http://www.mluther.org.br/Imigracao/imigracao.htm
 

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